Oswaldo Sargentelli, sobrinho do grande inventor de marchinhas e hinos de futebol Lamartine Babo, foi inciado já cedo no samba. Sargenteli fez um pouco de tudo na vida; apresentou rádio, televisão, foi jurado, e também é considerado por muitos como um dos primeiros multimídias do Brasil. Inventor de termos como telecoteco, balacobaco, borogodó e ziriguidum, começou sua carreira no rádio em 1924 e nos anos 50 foi um dos pioneiros na televisão brasileira comandando programas polêmicos como Pingo nos iis, Advogado do Diabo e Em Poucas Palavras, todos com o mesmo formato, onde através de entrevistas em off com tom duro e agressivo deixava os entrevistados na maior "saia justa". Porém logo os problemas surgiram, afinal a maioria dos seus entrevistados eram políticos e autoridades em destaque; e como provocar políticos e autoridades em época de ditadura era prejuízo certo, Sargentelli além de fazer algumas "visitas" a cadeia teve em 1964 seus programas sensurados e proibidos de exibição pelo regime militar. Sem saída partiu para noite e somando sua alegria e expansividade montou as casas de espetáculo "Sambão", em Copacabana no ano de 1969, a "Sucata" em 1970, e em 1973 a "Oba-Oba" e a "Zinguidum" em São Paulo.
Tornou-se rapidamente um apresentador em cena, que unindo a sensualidade e ginga da mulata brasileira a performances de alguns cantores; destacou-se rapidamente não só no cenário nacional como também no mundo, recebendo por todos o adjetivo de Mulatólogo que seria sinônimo para um profundo conhecedor de mulatas. Sargentelli fez o que até então parecia ser improvável, criando através de suas casas de espetáculos uma ponte que uniria a cultura popular contida nos subúrbios da Zona Norte, formado por mulatas, afro-descendentes, caboclos e até cafusos dotados de energia e profissionalismo a elite da Zona Sul, usando como elementos o samba, a fantasia, canto e a beleza da mulher brasileira quebrando preconceitos. O resultado foi casas de espetáculos lotadas não só de cariocas, mas também pessoas de todos os estados do Brasil e do mundo. Porém como desde o início de carreira Sargentelli não viveu só de afetos, haviam pessoas que questionavam muito seu trabalho, no ano de 1985 Sargentelli foi processado por racismo pela Comissão de Valorização e Integração Política do Negro do Rio Grande do Sul, apontado como explorador da mulher negra. No entanto este processo foi arquivado após disputa judicial.
Atualmente sua sobrinha Sandra conhecida como Sandrinha Sargentelli continua os trabalhos de seu tio Sargenteli, através da Cia Sargentelli. Oswaldo faleceu no ano de 2002, quando apresentou problemas cardiológicos após sofrer forte emoção em razão de uma homenagem que iria ser feita para o mesmo nas gravações finais da novela O Clone, através de uma de suas mais famosas mulatas Solange Couto, que interpretava a personagem Dona Julia, dona de um famoso bar de samba na novela. Solange Couto considerava Oswaldo Sargentelli como um pai e o mesmo se sentiu muito emocionado pelo convite da ex mulata. O fato é que entre desafetos e afetos os depoimentos das mulatas e bailarinas que conheceram este alegre sambista são quase hunânimes ao citá-lo como uma figura carinhosa e atenciosa. Durante seu período entre nós Oswaldo Sargentelli ousando com irreverência deu um novo balacobaco e teleco teco no gingado da mulata brasileira. por Fábio (Na foto Solange Couto)
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