O primeiro álbum de Jorge Ben Jor aterrisou na música brasileira como um objeto não identificado. O padrão estético era o da bossa nova: cool, complexo e civilizado. Era o ano de "Samba do Avião", "Garota de Ipanema", "Só danço samba", "Samba em prelúdio", "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas". Também era o ano de "Parei na contramão", mas isso só faria sentido algum tempo depois. Filho de sambista e fã de rock'n'roll, Jorge trabalhava na noite no Beco das Garrafas, berço da bossa nova, mas também animava festinhas de iê-iê-iê no Catumbi e na Tijuca. Duas composições suas - Mas que Nada e Por causa de você, menina - já tinham sido lançadas num 78 rotações de boa receptividade comercial, mas massacradas pela crítica como "infantil" e "primitivo". Tratamento idêntico foi reservado a Samba Esquema Novo, onde o violão percussivo de Jorge e sua voz peculiar desenhavam mesmo um novo esquema para o samba, meio maracatu (como ele diz em Mas que nada), meio afro, meio rock. Com seus colegas de Beco, Copa 5, como banda de apoio, Jorge apresenta 12 composições, seis das quais se tornariam sucessos e, mais tarde clássicos: Mas que nada (que seria em breve gravada por Sérgio Mendes e seu Brazil 66), Balança Pema, Chove Chuva, Vem, morena, vem, Menina bonita não chora e Por causa de você, menina. Não importava que os críticos dissessem que Jorge "não sabia tocar violão", Samba Esquema Novo vendeu cem mil cópias em duas semanas, fato inédito na época.
Retirado do Box Salve, Jorge!, Contracapa do álbum Samba Esquema Novo
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