segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Negro é Lindo (1971)


A trilogia de Jorge Ben Jor com o Trio Mocotó encerra com o poderoso Negro É Lindo, em 1971, em uma fase da indústria cultural brasileira onde o negro começa a ser percebido com potencial consumidor. Negro É Lindo traz homenagem a Cassius Clay, depois Muhammed Ali e também a João Parnahyba, apelidado de Comanche. Traz declarações de amor à sua querida Maria Tereza Domingas e, ao mesmo tempo, propões um pacto de comunhão de bens à Rita Lee, sua carona dos estúdios pra casa no Brooklin. A diferença em relação aos outros LPs está no  fato deste ser mais centrado no violão e em seus arranjos, possivelmente fruto da sua parceira com Paulinho Tapajós, que dirigiu as gravações entre 71 e 75. No estúdio, Tapajó preferia gravar com Jorge soxinho em cima de um estrado, sob o qual colocava microfones que captavam a batida dos tamancos do artista e o rocçar da palheta sobre as cordas dos violões. A partir dali, os arranjos eram montados. "Com a pulsação dos tamancos, da voz e da palheta, o Jorge se transformava numa máquina de ritmo. Depois eu enfeitava com os outros instrumentos em tessituras que não esabarravam na dele. Gravávamos 30, 40 músicas para um único disco e acredito que ainda deva exisitir muito material inédito. Era a melhor maneira, porque o grande barato do Jorge é a liberdade. Ele não tem disciplina. Então temos de ir atrás dele." Pode-se analisar essa liberdade como uma certa alienação às técnicas e às artificialidades de breque, ou do fim da música, mesmo em LPs gravados ("Em Cima", "Miudinho!"). Junta-se a isso o fato de Ben, apesar de compor letra e música de grande maioria das músicas que cria, não arranjar para outros intrumentos: nessa época, ele toca seu violão cantando e o arranjador (ou o Trio Mocotó) faz o trabalho em cima disso.

Retirado do Box Salve, Jorge!, Contracapa do álbum Negro é Lindo

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